quinta-feira, 1 de maio de 2014

O perfil 2 do Eneagrama

Perfil 2 do Eneagrama.


Busca : Ser amado, valorizado e aceito pelos outros.
Principais características:
Amigáveis, generosos, super simpáticos, carismáticos, extrovertidos, orgulhosos, jeito caridoso, servil, humanista, altruísta. Se, nesse exato momento, você telefonasse para um tipo dois ou o visitasse pessoalmente, certamente o encontraria atarefado e envolvido "até o pescoço" com os problemas de uma ou mais pessoas ao mesmo tempo.

O tipo dois não sabe nem gosta de pedir ajuda a ninguém porque ele é programado para ajudar em detrimento das suas próprias vontades e necessidades. Ele acha que ajudar ao próximo é uma prerrogativa só dele, que "nasceu com ele", portanto, ser ajudado não faz o menor sentido e quase sempre rejeitam ou se aborrecem diante de qualquer manifestação de apoio, parecendo orgulhosos perante os olhos das pessoas. Esse é o modo de viver do tipo dois. Esta quase obsessão em participar, ajudar as pessoas e contribuir para a vida delas o faz se sentir as vezes sobrecarregado, estressado e com uma postura de "mártir". 
Possuem instintivamente uma incrível habilidade em perceber as necessidades das pessoas. Alguns são confundidos como "médiuns", "místicos" ou com uma sensibilidade "fora do normal" tamanha a capacidade imediata de saberem o que as pessoas querem e precisam.
Vide abaixo um depoimento de Louise, uma legítima tipo dois, tirado do site Enneagram Institute.
“Não consigo me imaginar sendo um outro tipo e nem gostaria de ser um outro tipo. Eu simplesmente amo estar envolvida com a vida das pessoas. Adoro sentir aquele sentimento de compaixão, carinho e de importância. Gosto de cozinhar de arrumar a casa, fazer um bolo. Adoro ter a confiança de alguém em me contar qualquer coisa sobre a sua vida e a sensação de que posso e quero ajudá-lo e amá-lo. Tenho muito orgulho disso e me amo por ser assim e por ter condições de estar com qualquer pessoa não importa onde estejam. Eu realmente posso ajudar as pessoas, ajudo de verdade, amo todo mundo, amo os animais, amo as coisas ... sou movida pelo amor. Ah ! E ainda cozinho super bem ! "
Os problemas começam quando descobrimos a origem de toda essa generosidade do tipo dois: falta de amor próprio, aceitação e baixa auto estima.
Devido a inconsciente baixa auto estima crônica, eles nutrem um medo básico de não ser amados, considerados e queridos caso não se dediquem, façam algo de útil ou importante para alguém e com isso entram num círculo vicioso: quanto mais baixa é a auto estima, mais "generosos" e dedicados eles se comportam e mais necessidade de auto afirmação, elogios e reconhecimento. Na verdade, eles transferem essa  falta de amor próprio para as mãos de outras pessoas, sem que elas saibam, na medida em que se entregam a elas esperando retorno em forma de aprovação. Toda essa bondade enfim tem um preço. Caso não recebam a devida consideração pelos "serviços prestados" e dedicação, se magoam profundamente, se tornam ressentidos, amargurados, sentem-se usados o que só piora a baixa auto estima.
Esse é o lado obscuro do, até então, simpático, prestativo e cativante tipo dois, embora esse seja o "pior cenário" possível. 
Além disso, os tipos dois imaturos emocionalmente são intrujões, possessivos, sufocantes, orgulhosos de si, se metem na vida alheia e onde não são chamados, são manipuladores e não raros, vistos como bajuladores e "puxa-sacos". Apresentam superficialmente as características básicas como empatia, simpatia e aparente generosidade, mas sempre esperando reconhecimento e elogios que alimentam um ego frágil e distorcido.
Os tipos elevados e equilibrados são realmente altruístas e preocupados com o bem estar das pessoas. O amor deles é incondicional de verdade e não sentem a menor inclinação para o reconhecimento. O verdadeiro ego dessas pessoas incorpora as melhores características do tipo e não apresenta as distorções. Este processo de cura e desenvolvimento ocorre em todo os nove tipos do Eneagrama, mas depende da busca de cada indivíduo. Tanto a terapia quanto o coaching  trabalham no sentido de alcançar este estágio de equilíbrio e desenvolvimento pessoal.
Num quadro mais grave e exagerado, não é raro os tipos dois se verem envolvidos com sérios problemas em consequência da super dedicação às pessoas. Eles podem atrair aproveitadores e oportunistas como abelhas no mel e sofrem consequências graves com isso. Emprestam dinheiro a perder de vista, são avalistas de pessoas que conheceram na fila do supermercado, dilapidam o patrimônio em nome de uma "causa justa" que na certa está atrelada à questões humanitárias, de caridade ou envolvimento pessoal.  Também não se cuidam o suficiente, pois o foco é permanentemente  nas pessoas e sofrem as consequências, inclusive de saúde. Quando em crise emocional, se fazem de vítimas, sentindo-se usados, injustiçados e manipulados.

Algumas pessoas mais observadoras ou que vivem  próximas acabam notando a incoerência em relação ao comportamento do tipo dois na medida em que percebem a falta de atenção e cuidado que eles têm com a própria vida ao mesmo tempo em que demonstram disposição e habilidade em resolver os problemas dos outros.
Os tipos dois sentem um terrível desconforto em pronunciar a palavra  NÃO. Simplesmente não conseguem e quando o fazem, sentem-se culpados e tão logo seja possível, tentam compensar a negativa com abundantes demonstrações de generosidade.
Como pais, os tipos dois são dedicados e protetores ao extremo e criam um ambiente quase utópico de perfeição e provimento. Sufocam os filhos com excessos de zelos e cuidados, com um agravante de não impor limites as suas necessidades e desejos, mas sempre com um viés de controle e manipulação.  Mães do tipo dois são tão  apegadas aos seus filhos que algumas podem até criar dificuldades nos relacionamentos amorosos deles na fase adulta, devido ao ciúme e possessividade.  Alguns psicólogos denunciam que algumas mães tipo dois tentam impedir o amadurecimento emocional e consequente independência dos filhos para mantê-los sempre próximos e sob controle. Homens e mulheres com mais de trinta anos que ainda moram confortavelmente com os pais, podem ser filhos de pai ou mãe do tipo dois.
Alguns tipos dois chegam ao extremo de  "torcer contra" o sucesso das pessoas que pretendem ajudar só para terem a oportunidade de se aproximar e oferecer os "seus serviços" ou, no mínimo, poderem consolar e "dar uma mãozinha". Alimentam essa fantasia manipuladora porque não conseguem viver sem a sensação de dependência das pessoas para com eles. É a questão do círculo vicioso que mencionei nos primeiros parágrafos: "quanto mais me dedico e sou reconhecido, mais amado e aceito eu me sinto". Esse sentimento é quase um vício e distorce tudo de bom que poderiam proporcionar, pois se a intenção é boa, o motivação é falsa, fruto de uma distorção do ego.

Se no Eneagrama o tipo um é considerado "o pai", aquele que educa, que dá estrutura, que é rígido, que impõe regras e limites, o tipo dois seria a "mãe", a protetora, a amorosa, a que nutre,  a provedora que dá conforto e está sempre ao nosso lado em qualquer situação.
Medo básico: não ser querido, valorizado, reconhecido, aceito e amado
Desejo básico: de serem amados incondicionalmente (sem o "toma-lá-dá-cá" como eles mesmos fazem), de expressarem livremente os seus sentimentos com as pessoas, de sentirem necessários e apreciados só pelo o que são e não pelo o que fazem.
Motivação básica: a busca por esse amor incondicional e pelo sentimento de importância na vida das pessoas.

Caminho para o crescimento e equilíbrio: Quanto maior a consciência e a identificação dos seus medos básicos e da origem do seu comportamento,  o tipo dois se equilibra e vai "enfraquecendo" a sua motivação básica, assumindo as melhores características do seu tipo sem apresentar os principais defeitos. Neste processo, o comportamento acaba adquirindo também as qualidades do tipo quatro, no sentido de reconhecer o seu próprio valor independente da aprovação das pessoas.

Capacidade de liderança:  A incrível habilidade em  estabelecer rapport, criar ligação e empatia, além de identificar as necessidade das pessoas dá poder e influência ao tipo dois. É bem verdade que alguns pecam pelo excesso manipulatório e acabam atrapalhando mais do que ajudando, mas os mais elevados e equilibrados são bastante influentes, carismáticos e motivadores.  Numa organização, o tipo dois naturalmente se sentirá inclinado a atuar na área de recursos humanos, mas a sua característica se encaixa em praticamente qualquer departamento ou empresa e o seu foco sempre será o de agregar, apoiar, servir e motivar as pessoas. Suas decisões terão sempre como base o fator humano em detrimento das outras variáveis.
Como identificar rapidamente um tipo dois ?
Superficialmente, é bastante difícil identificar um tipo dois. Menos pelos trejeitos, maneirismos, forma de se vestir ou falar, características bem peculiares de alguns tipos do eneagrama, o tipo dois se denuncia facilmente pela maneira como se dirige as pessoas. Eles olham direta e profundamente nos olhos das pessoas, quase que como querendo enxergar a alma delas. A cabeça fica levemente inclinada para frente, demonstrando total interesse.  O talento de criar empatia quase instantânea vem da  habilidade de realmente saber ouvir e perceber a outra pessoa.  Eles não perdem nenhuma oportunidade de se ligar a alguém. Os mais extrovertidos não discriminam ninguém. "Puxam papo" com qualquer um em qualquer lugar e em qualquer situação. Quando não há motivos ou situação, eles criam uma. Sua extroversão e simpatia podem se confundir com o animado e agitado tipo sete ou o charmoso tipo três, mas são as intenções por trás do comportamento que diferenciam um tipo do outro. O importante para eles é se ligar a alguém, criar um vínculo. As conversas acabam sendo demoradas e vão se aprofundando gradativamente (é comum os tipos dois se atrasarem em alguns compromissos porque ficam "mergulhados"na conversa e no contato com um "novo amigo"que acabaram de conhecer). Numa festa ou reunião social, ao contrário do tipo um, que tem uma permanente visão crítica de tudo e de todos e se mostra mais reservado e distante, o tipo dois procura rapidamente se enturmar e criar uma atmosfera de intimidade e confiança. Assumem um comportamento servil. Se oferecem para lavar os talheres, arrumar as coisas, recepcionar e muitos deles, apesar de convidados,  acabam se comportando como os anfitriões.

Os tipos dois mais introvertidos direcionam todo o seu arsenal de bondade e simpatia para a família e amigos, em especial aos maridos, esposas, filhos, sobrinhos e agregados. São mais discretos, cuidadosos e seletivos, mas isso não significa que não se encantem em conhecer pessoas novas, só que eles tendem a se voltar mais para os seus "próximos e conhecidos". Grande parte dos tipos dois apresentam uma forte característica de extroversão. Mesmos os introvertidos tendem a ser menos fechados e reservados que o natural.

Outra característica muito marcante  que os denunciam é a incapacidade de pedir ajuda ou aceitar ser ajudado. Eles inconscientemente acham que essa é uma prerrogativa só deles. Chegam a se aborrecer quando alguém insiste em ajudá-los. Outra característica bem acentuada é o ciúmes quando percebem que a pessoa com quem são ligados está sendo ou foi ajudado por outro que não eles.

Por quê gostamos do tipo 2 ?
Eles nunca nos deixam na mão. Não descansam enquanto não ajudam concretamente as pessoas. As suas intenções e ações, a princípio, são as melhores possíveis. Não há nada mais confortante em saber que existe um amigo tipo dois por perto (e de prontidão) para nos ajudar, seja dando conselhos, consolando ou apoiando nas necessidades. Sem eles, viveríamos o individualismo e o egoísmo na plenitude. Seria cada um por si. As campanhas de caridade, amor ao próximo e aos animais (em grande parte idealizadas e lideradas por pessoas do tipo dois) seriam diminutas.  
Por quê o tipo dois nos aborrecem ?
Os tipos negativos podem ser invasivos, sufocantes, mesquinhos e manipuladores. Cobram a conta inconscientemente esperando reconhecimento, consideração e elogios pelo o que fazem.

Atividades profissionais mais adequadas:

Todas que ofereçam oportunidade de contato e interação humana, permitam  que eles façam o bem ou uma diferença importante nas vida das pessoas, de preferência, de uma maneira prática. Escolas, creches, orfanatos, asilos, educandários, entidades assistencialistas ou protetoras dos animais são o ambiente ideal para a atuação do tipo dois.

Os tipos dois também são excepcionais no atendimento ao público, na recepção, nos SAC's, na área de recursos humanos, na medicina, psicologia ou enfermaria, mas precisam ser equilibrados e treinados para não "caírem em tentação"e extrapolarem as suas funções, se restringindo apenas ao contato profissional.
Personalidades famosas tipo 2: Ana Maria Braga, Xuxa, irmã Dulce, madre Teresa de Calcutá, princesa Diana, Jesus Cristo, Dalai Lama, Ana Neri (famosa enfermeira dos "pracinhas" da segunda guerra mundial).

Personagens de filmes e desenhos animados: Dr. McCoy (Jornada nas Estrelas).

Pelo MBTI, o tipo dois é predominantemente "EF". 

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